segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

ad

Roman era ator.
Rota are namor.
Are namor?
Namor.
Amor?
Amor.
São amor?
Na.
Não amor?
São.
Namor são?
Não. É.
É.
É. Sim.
É, sim. É claro que é. Eu sempre disse que Roman seria ator. Roman namor? Ah! Que falta de diálogo, minha gente!

domingo, 29 de novembro de 2009

"...melhor era tudo se acabar."

sábado, 10 de outubro de 2009

AU HASARD

AU HASARD é eco, oco, muito pouco.
Um pelo, papel,
porquê d'eu ter-te escrito o que era poeira minha, de mim mesmo, o que era meu.
A mão que busca o relógio atrasar, o que faz?
O que faz os dias parecerem carne moendo,
poeira assentada na gota, saliva.
O acaso é crível
onde encontra caso.
Na lança, no olho, no
alívio,
no espelho retrovisor,
no alto da torre,
avenida
no pulso, no peito, na altura do queixo e
barriga.
O Haiti é aqui. O Haiti é mesmo aqui.
AU HASARD !
Acender vela, adular santo, esconder
é preciso pedir:
PIEDADE.
Todo destino é fabuloso, todo encanto, todo encontro.
Saber é aliviar os bolsos molhados e secar asas ao sol.
AU HASARD pra ser teu amigo.
AU HASARD pra saudar.
AU HASARD pra inventar.
Pra enlouquecer AU HASARD.

Silence.

AU HASARD AU HASARD AU HASARD AU HASARD AU HASARD AU HASARD AU HASARD AU HASARD AU HASARD AU HASARD O ACASO AU HASARD AU HASARD O HASARD AU

sexta-feira, 9 de outubro de 2009


C
L
O
A
C
A
é...
não acho mais muito interessante isso.
saiu o sol...

domingo, 4 de outubro de 2009

Procure o tal biscoito da sorte:

1- Coma a sorte toda;
2- Devore-a;
3- Esmilingue-a;
4- Multiplique-a;
5- Sorva-a;
6- Cante-a,
7- Aqueça-a.

mas nunca/sempre deixe-a.
sorte.

"colhe o dia.
confia o mínimo no amanhã."


happy end...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

E caminhar, caminhar, caminhar, pois, caminante no hay camino, pero el se hace al caminar - seria?
Levantei, hesitei entre os chinelos e os tênis. Correr ou andar? Andar rapidamente ou pés descalços, montinhos de areia dura do mar de ressaca da segunda-feira. Pos-si-bi-li-da-des. Diárias passagens, breves adeuses, múltiplos recomeços do estar.
A areia dura impulsiona as pegadas daqueles que, querendo, necessitam chegar. Passos firmes, estéreo do mar, pegadas. Sempre fico pensando, meu deus, imagina quando tudo era nada, quando tudo era virgem, quando tudo era seu. Uau! Fico com vontade de desbravar algo. A mim, quiçá? Caminhei gostoso. Um dia que parece poeira assentada aos poucos, sabe como? Realejo, desencontros, velhos volumes, aliterações.
Uma espécie de amor ao saber tem me movido nos últimos cento e oitenta minutos e todos os segundos. Será a filosofia a fuga encontrada em tempos inaptos e rasos como o nosso? Será que, a medida que você caminha, fica mais distante ou mais inadequado? Como assina Nietszche, o pensamento é a conversa da alma consigo mesma. Então deixa falar, deixa esgotar a palavra, deixa escapar a linha, saltar a pauta, e se fazer carne, sangue, bem na frente dos incrédulos.
A palavra! A palavra! A palavra!
Ação!

sábado, 12 de setembro de 2009

Você acredita nisso?
Você pertence a algum lugar?
Como sobreviver ao desabamento diário do que nunca existiu?
Quem cai primeiro cai melhor?
Você ouve o que diz?
E sua cara, como vai?

É.
Cansei.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O que acontece é sempre natural -
se a gente tiver que se encontrar novamente,
aqui ou na China,
a gente se encontra.

domingo, 30 de agosto de 2009

A mulher que casa

Sonhei com você. Mais uma vez sonhei com você. Mais uma vez estourando a minha retina, mais uma vez sentindo o toque sutil, seda, vime, nuvem, castelo ao fundo, mais uma vez o mesmo jogo disfarçado. Sinceramente, não quero mais. Cama vazia, copo seu de ontem, cheiros, restos, poços tão fundos que nem ecoam mais a sua voz. Estou ciente de sua partida mesmo não comparecendo aos seus adeuses - sabe que não sou afeito a despedidas. Estou ciente, cansado e mais uma vez, por que não dizer, cedendo à bruma da presença sua que foi sempre o único sentido que me legaste, único laço, parte una que dispuseste inteiramente a mim.
Ando exausto destes sonhos cheios de sentidos, vontades, presenças, sombras e tesões. Ando fatigado, meu amor, de acordar pronto para, quem sabe, encontra-la à mesa, notícia de jornal, fresquinha, e voltarmos à cama para termos sós os dois e, quem sabe, filmes, peças, sol de manhã que nos joga, nos impulsiona para qualquer lugar. Avenida Paulista, café no Conjunto Nacional, caminhadas puras e verdes nos Jardins, Ibirirapuera e telas em aquarela no MASP e tudo e nada, quem sabe?
Seus quadros, meus quadros, seus dicos, meus discos, seus livros, seus gostos: bom dia.
Mãos coladas, tinta vermelha, unhas coloridas de tinta. Quero tudo que é seu.
Sem sonhos, sem brumas, noites transbordando procuras e desencontros. Quero tudo que é seu real - quero?
Acho que esta é minha última tentativa.
Gosto muito de você gosto muito de você gosto muito de você sem pausas.
Aos caminhos, entrego o nosso encontro e se tiver que ser, como tem que ser, do jeito que tiver que ser, a gente volta um dia.
Da maior importância, meu bem. That's it!
Esteja bem. Queira estar bem.
Como se fosse verdade,
um beijo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Hoje eu tive um sonho e acordei atento.
Meteoros, grandes esferas de fogo, vinham se aproximando da gente até queimar bem perto.
Em uns ardia a coxa,
em uns nada doía,
em uns eu não lembro em que parte a morte caia.
Uma praia, acho que a praia de Santos.

O QUE DIRIA C. G. JUNG?

Que quero incendiar o berço?
Quero carbonizar mamã?
Ou que devo anunciar, com a bunda molhada de água de sal, o que venho já anunciando:
É preciso anunciar o fim do mundo?
Eu preciso anunciar o fim.

sábado, 11 de julho de 2009

Mariana na soleira da janela
Chove dentro, chove fora,
Molha a seca, bóia a casa, cerca a alma,
Mariana quando chove: fortaleza.

Mariana na soleira da alma
Molha dentro, molha fora,
Mora seca, cerca na janela, bóia na fortaleza,
Mariana quando chove chora.

sábado, 13 de junho de 2009

paroxítona

E eu te pronunciava pausadamente, segunda sílaba, o telefone tocou.
Não foi engano.
Eu sabia que não era você.
Vírgula que separa o eu de mim do eu do outro.
Que segue a linha, que tange o ventre, que tinge de cinza o breu.
Na mesma, na mesma, na mesma.
Dos olhos,
da língua minha
mingua a vírgula.
Não quero pontos, quero vírgulas, vê?
Quero porque quero porque ouso querer você.
Não, não quero.
Quero o que há de mim aí onde há você, bem aí onde ousa haver você.
Não, não a você.
A mim, a minha.
Deixa, deixa.
Só falo porque tinha que.
Ai.
Deixa que eu seja hoje somente mesa,

domingo, 7 de junho de 2009

les dragons ne connaissent pás le paradis.


É.

Definitivamente, les dragons ne connaissent pás le paradis.

Ou os dragões não conhecem o paraíso.

As coisas permaneciam ali, vermelhas, rosas, ramos de alecrim e hortelã pendurados no sopé das portas para que desse sorte, muita sorte, sete vezes sempre pra dar sorte.

Os corpos permaneciam ali, linhas verticais, em apenas três cantos preenchidos - o quarto vazio estava.

Toma um gole de vinho tira a tua camisa passa a tua mão fria no meu cabelo que pinica a tua mão que deixa de estar fria pra se enfiar dentro do meu bolso pegar isqueiro ousar queimar tua solidão teu desespero teus abismos e eu dizendo que não enquanto segurava firme a taça do vinho que lentamente tomei naquele sábado meu deus meia noite no meio daquela rua onde algum cachorro como sempre latia latia latia latia latia e disparava alarmes internos e eu te dizendo que tudo estava bem coração deve ser só o leiteiro lá fora e tu ias te acalmando assim quando tirei um raminho de hortelã do bolso esquerdo do paletó o bolso do coração e eu te acalmava e eu te embalava e eu te dizia que.

Aquela mulher, aquela melodia reminiscente, aquele ruminar de folhas, aquela casa.

As esquinas do dia de ontem coreografaram-se tão bem! Que nem me importei em negar teu café do novo dia, nem tua sopa velha sabe-se-lá-de-quando e nem me importei por ter sido o único a não compartilhar de teu brinde e tua saúde e meus decorrentes sete anos que viriam sem.

Nada mais. Os dragões não conhecem, os dragões não se importam, os dragões não querem saber.

Uma imagem: o corpo da atriz içando-se ao canto esquerdo da sala.

Uma imagem: o corpo da atriz numa catapulta, o esquerdo da sala e seus olhos, seu corpo todo, seus tortos fios de cabelo, suas vermelhas unhas de pés tão brancos, seus trapos unidos, enquanto ela inteira me dizia em uníssono que ele havia chegado, mas não, não, era só um engano e tudo bem, tudo bem. Dorme, meu filho, dorme. Só existe o sonho.

terça-feira, 2 de junho de 2009

fragmentos- retalhos

- Mamãe, como se faz pra colar um espelho?
- Não é possível.
- Mas nunca mais?
- Não sei. Você já tentou Durepox?
- Sim, mamãe.
- E?
- Nada. As partes não se colam.
- Sei.
- Parece um batalhão de mim espatifado.
- Parece o quê?
- Não quero ser fragmento, mamãe.
- E cola quente, você já tentou?
- Também. Parece um caleidoscópio.
- Parece o quê?
- O pior é que comecei a acreditar que.
- Sei.
- E não sei qual deles sou eu.
- Você já tentou aquelas fitas dupla-face de alta resistência?
- Sim, mamãe.
- E?
- Nada. As partes não se colam.
- Tente maizena.
- Qual deles é seu filho, mamãe?
- Como?
- Qual-destes-reflexos-é-o-seu-filho?
- O que estiver inteiro?
- A gente só é quando está inteiro?
- Esqueça isso.
- Mas não é possível colar um espelho?
- Não, não é possível.
- Tente.
- O quê?
- Colar.
- Afinal de contas, meu filho, do que você está falando?
- Das pequenas partes do todo que refletem o nada. E dos múltiplos sóis que se formaram na varanda de Maria.
- Não é a varanda de Maria, é banheiro do seu quarto.
- Tempestades solares.
- Você já tentou goma? Sei lá.
- Sim. As partes não querem mais se colar.
- Meu filho...
- Sim?
- Você já tentou haxixe?
- Ainda não, mamãe. Talvez prefira Super-Bonder.

segunda-feira, 1 de junho de 2009



Sucesso
Observe as ondas no oceano. Quanto mais alto a onda sobe, mais fundo é o sulco que a segue. Em um momento, você é a onda, no outro, você é o sulco que se forma atrás. Aproveite ambos - não fique apegado apenas a um deles. Não diga: "Eu gostaria de estar sempre no auge!" Isso não é possível. Encare simplesmente o facto: não é possível. Isso nunca aconteceu, e nunca irá acontecer. É simplesmente impossível - não faz parte da natureza das coisas. Então, o que se pode fazer?Desfrute o pico enquanto ele durar, e depois desfrute o vale, quando ele vier. O que há de errado com o vale? O que há de mal em estar em baixa? É um relaxamento. O pico é uma excitação e ninguém pode viver o tempo todo em estado de excitação.

Comentário:

Este personagem, obviamente, está, neste momento, "cavaleiro do mundo", e todos estão celebrando o seu sucesso com uma chuva de papel picado. Devido à sua disposição para aceitar os recentes desafios da vida, neste momento, você está - ou logo estará - desfrutando de uma maravilhosa cavalgada sobre o tigre do sucesso. Receba bem essa oportunidade, desfrute-a, compartilhe a sua alegria com os outros - e lembre-se de que todas as brilhantes paradas têm um começo e um fim. Mantendo isso em mente, se você extrair cada gota de sumo da felicidade que está experienciando neste momento, será capaz, depois, de aceitar o futuro da forma como vier, sem arrependimentos. Não seja, porém, tentado a agarrar-se a este momento de abundância, ou a acondicioná-lo em plástico para que dure para sempre. A maior sabedoria para ter em mente à medida que vão desfilando os acontecimentos da sua vida, sejam momentos de alta ou de baixa, é que "isto também passará". Celebre sim, e continue a cavalgar o tigre.

domingo, 31 de maio de 2009


Eu preparo um feitiço contra os tempos plúmbeos.

Hei de desfrutá-lo ainda em tua absorta companhia, ruídos, enfurnados, detritos.

Torre fulminada. Relâmpago. Café - será falta de afeto?

Varreram meu sótão, levaram meus botões, roeram meus álbuns, domaram meu cãozinho, beberam a água que deixei pra Oxum, tatuaram meus desenhos, rabiscaram minhas estrelas-neón no céu branco do teto azul e vagaram, vagaram, vagaram, vagaram, vagaram, vagaram lúcidos sem saber o que fariam em mim. Esconder-me-iam? Alimentar-me-iam? Embirutar-me-iam? Ou me empetacariam com seus badulaques, botas brancas para me ver cantar na Rádio Nacional?

Levem-me ao eu.

Até o limite, a linha de fronteira, o fino corte que tange o que é dali, o que é de cá, o que eu posso dar e receber e ser e.

Lá vou.

Lá fui.

Eu preparo um feitiço que caiba, que caia em mim.

Eu preparo um feitiço.

Ou insisto em ser cobaia?

sexta-feira, 22 de maio de 2009


ESTRÉIA DIA 27 DE MAIO!

"O PONTO"

TEXTO E DIREÇÃO: Nicolau Ayer.

ELENCO: João Roncatto e Rafael Marques.

QUARTAS E QUINTAS ÀS 21H30MIN.

TEATRO GALHARUFA
Praça Franklin Roosvelt, 82.
Tel.: 3151-2347.

domingo, 10 de maio de 2009

MAIS-QUE-PERFEITO

Estacionada na contramão da via de excesso, Mariana não podia gritar.

(Se o mundo chegara mesmo a um fim, se o espelho de si permanecera espelhando o nada, se a
vida fizera mesmo pesar, se claros estiveram postos o outro para um, se o que lhe ansiava
se desfizera em cápsula, se juntos trilharam versos, derramaram brancas rosas, ruborizaram
os vinhos, promessas, tristes augúrios, capas de Caetano na cama de ontem, se a boca
moldada de gás e café já não mais restara, se as contas, conchas e confins do mar tinham
feito brotar a manhã da não espera, se moça partiu pronta aos palácios, se só estava como
era fundamental estar, se apodreceram abertas as janelas onde bailaram os anjos todos,
demônios, marfim, se por todas as fitas, vícios e vísceras, se com mãos vazias partira ao
encontro, se com berros rotos transbordara o ar, se farta estava de si, do outro, se os
orixás, babalaôs, budas, duendes, erês, fadas-madrinhas, abracadabras, baralhos e condões
há muito evaporaram das páginas, se você me ouve, se você me bebe, se você me sabe, se você
me segue, se você vontade, se você tesão, se você ainda me quiser no meu espaço teu.)

Estacionada na contramão da vida de excesso, Mariana não compreendia porquê não.

domingo, 22 de março de 2009

PEQUENAS SUGESTÕES E RECEITAS DE ESPANTO-ANTITÉDIO PARA SENHORES E DONAS DE CASA.

II

Pegue um nabo. Coloque duas os três palavras dentro dele, por exemplo: bastão, ouro, amplidão. Chacoalhe. Você não vai ouvir ruído algum. É normal. Aí ajoelhe-se com o nabo na mão e diga:

Com o bastão que me foi dado
com o ouro que me foi tirado
e sem nenhuma amplidão
de conceitos e dados
quero renascer brasileiro e poeta.
Quem te ouvir vai ficar besta.
V
Coloque duas alcachofras cruas dentro de uma vasilha com água fria. Fique ali esperando as folhas de alcachofra se soltarem e medite sobre a tua condição de ser humano mortal e deteriorável. Quando enfim todas as folhas estiverem sobrenadando, tome um banho, porque, convenhamos, há quantos dias você está aí.
Calma, calma. Eu também já recebi a tua receita de bananas e traques.

sábado, 21 de março de 2009

PAN CINEMA PERNAMENTE

Não suba o sapateiro além da sandália
- legisla a máxima latina.
Então que o sapateiro desça até a sola
Quando a sola se torna uma tela
Onde se exibe e se cola
A vida do asfalto embaixo
e em volta.
[In: ALGARAVIAS. SALOMÃO, WALY.]
O
VERBO
CONTRA
O
VENTO.

quinta-feira, 19 de março de 2009

AMASSA

Devo ter desaprendido o jeito ou... como se diz?
Hoje, que Ela completaria seus sessenta e quatro anos de arte, mergulhei profundamente em sua persona.
Isso de ser artista,
de não-pertencer,
de ser marginal.
À Eles - que nunca couberam em nomes por isso não citá-los-ei - a massa vira a cara.
A massa inventa e trucida e atira seus venenos libidinosos e prova formas e testa moldes e quer padronizar.
O que foge à margem confunde as sinapses arquetípicas da pobre massa. Por isso é de seu princípio tecer micro-verdades enfileirados em suas mini-salas-de-estar sem mal conseguir conjugar o verbo.
Seje. Seje. Seje Seje.
A massa nos quer! A massa quer ser!
Ao caralho com a massa!
E, já que doado fui do lado de cá, à direita dos deuses que nunca engoliram sopa fria nem nunca tiveram colher, este é o meu caminho.
Recluso, recuso, recuo.
Não recuo, vou em frente, dou a cara, derramando o leite mau na cara dos caretas, rebatendo-me, pedindo, senhor, piedade, piedade, para toda essa gente burra, careta, covarde, unânime, comezinha, com suas caras empapuçadas de rouge vagabundo.
Sou. Sim. E, aos que amofinam-me, cedo os melhores lugares em casas cheias, sessões extraordinárias e, ao final da ovação, sentar-me-ei satisfeito com vossos uivos.
"BRAVO!"
Eis a massa: ou se faz um boneco, ou se faz uma torta.
Não era bem isso o que almejara dizer, mas quem se importa?
Saibam, senhores, que não me agrada rimar - mesmo com terminações tão infinitas.
Em suma, vamos estragar logo este belo e ponto e massa.

quarta-feira, 18 de março de 2009

"Para esse, lembra Cazuza: "Vamos pedir piedade, Senhor, piedade para essa gente careta e covarde". Mas para você, revelo humilde: o que importa é a Senhora Dona Vida, coberta de ouro e prata e sangue e musgo do tempo e creme Chantilly às vezes e confetes de algum carnaval, descobrindo pouco apouco seu rosto horrendo e deslumbrante. Precisamos suportar. E beijá-la na boca. De alguma forma absurda, nunca estive tão bem".

[C.F.A]


P.S. Único: Parabéns, Elis.

sexta-feira, 13 de março de 2009




Me cansei de "lero-lero"!
Dá licença mas eu vou sair do sério.
Quero mais SAÚDE!
Me cansei de escutar opiniões, de como ter um mundo melhor.
Mas ninguém sai de cima desse chove, não molha!
EU SEI QUE AGORA EU VOU É CUIDAR MAIS DE MIM!

- Como vai?
- Tudo bem.
Apesar, contudo, todavia, mas, porém [...]
As águas vão rolar, não vou chorar.
Se por acaso morrer do coração é sinal que amei de mais.
Mas enqüanto estou vivo, cheio de graça, talvez ainda faça um monte de gente feliz!


P.S.: Seguem beijos para uma louca amiga loura!
Saúde, saúde, saída!
NAMASTÊ!

terça-feira, 10 de março de 2009

Uma história de borboletas


"Quando percebi, estava olhando para as pessoas como se soubesse alguma coisa delas que nem elas mesmas sabiam. Ou então como se as transpassasse. Eram bichos brancos e sujos. Quando as transpassava, via o que tinha sido antes delas, e o que tinha sido antes delas era uma coisa sem cor nem forma, eu podia deixar meus olhos descansarem lá porque eles não se preocupavam em dar nome ou cor ou jeito a nenhuma coisa, era um branco liso e calmo. Mas esse branco liso e calmo me assustava e, quando tentava voltar atrás, começava a ver nas pessoas o que elas não sabiam de si mesmas, e isso era ainda mais terrível. O que elas não sabiam de si era tão assustador que me sentia como se tivesse violado uma sepultura fechada havia vários séculos. A maldição cairia sobre mim: ninguém me perdoaria jamais se soubesse que eu ousara."


[In: Pedras de Calcutá. C.F.A.]

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

AONDE
QUER
QUE
VOCÊ
ESTEJA
BEM.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009


"devias vir...
para ver os meus olhos tristonhos."

Há um pulso que novamente soa sem pesar em novo amor.
Há um vulto que novamente voa sem pensar de novo amor.
Há um susto que novamente zoa em repensar um novo amor.
(Não sei fazer cantiga de amante como os remotos trovadores d'antes.)
O que mais quero dizer ao amor se tudo o que é lhe foi dito?
As palavras não couberam em Camões,
não couberam em Platão,
não couberam em Deleuze,
não couberam em Cartola,
não couberam em Pina Bausch,
não couberam em Auguste Rodin,
não couberam, não poderiam caber em mim.
Deixai que o amor rompa o limite da pauta
e num jorro de paixão arrombe a página
e pulse
e pulse
e pulse
e fure os sentidos teus para que me deixes invadir a tua aorta
e dizer assim e dizer porquê e dizer sem parar de dizer
que de amor eu não digo nada
amor sou eu amor sou amor sou eu amor sou eu amor sou eu amor sou eu amor sou eu amor sou eu amor sou eu.

Palavra é amor?
Pra dizer que eu estive pensando,
Pra dizer que eu te quero perto,
Pra dizer um novo palíndromo qu'eu tô bolando,
Pra dizer nada. Pra dizer certo:
SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS.
(Ou: O lavrador conduz alegre a carroça.)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Diz que deu, diz que dá!

Parei de roer unhas e pintei a parede de vermelho.
Lavei a louça do café e voltei para casa sem ter ido.
Comi bolo de cenoura, passei hidratante, não fui correr, vou amanhã.

Não chove mais, não telefonei, comprei um presente - mas isso foi ontem
Esqueci de trocar meu óculos.
Acordar cedo. Correr no parque. Comprar um panqueique e ir pro teatro.
Re- estreio?
Merda!
Nem sempre se tem oportunidade de fazer as coisas diferentes!
Gostei do espaço.
Repete que tá tudo bem e tá tudo bem e tá tudo bem e tá tudo bem e tá tudo bem e tá tudo bem e tá tudo bem.
Não tenho presssa.
Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, deus dará.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

CANÇÃO DE JÚLIA

Júlia nasceu com uma margarida entalada na garganta.
Não podia falar, não podia gorjear, pedir não podia.
Seu maior sonho: cantar no Moulin Rouge.
Júlia nasceu predestinada a cantar.
Mar-ga-ri-da.
Ela g0stava de sons.

A mãe de Júlia não queria ouvi-la cantar.
"- A vida é natural sem música e eu prefiro sol. Ou vinho branco."
"- Cada um nasce com uma missão. Aceite a sua."
"- Por que cantar? Você devia querer ser rica, não artista."
- "Olhe para o Sr. Poucatelha. Sabe por que ele perdeu os cabelos? Porque sua mulher o deixou. Sabe por que sua mulher o deixou? Porque eles não se beijavam mais. Sabe por que eles não se beijavam mais? Porque ele gastava mais tempo afinando sua rabeca do que na cama com ela."
A mãe de Júlia não queria ouvi-la cantar.

O avô de Júlia morreu por um osso de galinha na noite de ação de graças mas estava disposto a ajudar sua neta. Um grande doutor!
Certa noite pediu à Júlia que abrisse a boca ao máximo enqüanto ele socaria as costas de sua neta com um saco de espaguetes - o ideal para a cena seria um taco de beisebol, mas na dispensa da casa de Júlia não constavam idéias abundantes.
Após ser lançada ao chão da cozinha, Júlia, finalmente, vomita a margarida.

Moulin Rouge. Dezembro de 1932. Inverno.
Júlia é cantora de esplendor.
Lota casas. Beija crioulos. Distribui doces.
(Diz que esta noite não vai cantar.)

LE MONDE:
"Excuse-moi. Je ne peux chanter dans le printemps".

Júlia nasceu predestinada a cantar...
e nunca cantou.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

DA MAIOR IMPORTÂNCIA


"Foi um pequeno momento, um jeito, uma coisa assim...
Era um movimento que, aí, você não pode mais gostar de mim direito."

Caetano disse. Eu digo. Quem mais quer dizer?
Eu gosto tanto de cruzar contigo, mulher!
Gosto do atrito da tua pele na minha, minha na tua pele, mãos!
Me roçar em você: um nó!
Sim!
Como é bom!
Não é só sílaba.
A coisa contigo é! A coisa contigo vai!
Eu divago.
Aquele cheiro, som, imagem do teu corpo, incendeia!
E eu sei...
DA MAIOR IMPORTÂNCIA.
Amo tu!

domingo, 18 de janeiro de 2009

LUNO

A lua mingua, o corpo dança.
O que o corpo quer a mente quer.
O corpo dança a lua dança o minguante dança.
Trocando as coisas de lugar.
Criando novas sinapses.
Condicionando o cérebro ao novo.
Sentindo colpasos e rompendo com laços do passado.
Foi preciso muito quarto escuro para se chegar à luz.
Agora que ela seja infinita, múltipla e comum para todos.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

VANILLA

Você sabe que eu andei pensando que é preciso purificar. Panos brancos, velas, incensos doces de rosa ou mel. Toda a transformação ressucita o novo. Sejamos novos sempre. Sejamos meros registros do que há de novo em nós.
Dialogo com o mistério que é preciso. Sem saber o que há do outro lado que é lá do lado de lá, joguei flores brancas nos rios. Maçãs para os duendes, balas e doces para os erês comerem aos pés das árvores.
Diaologue!
A mudança é in, não out.
Todo impulso de vida que brotar aqui dentro é capaz de jorrar a quilômetros.
É como aquele sujeito que, quando se deu conta de que era um rio, abriu as barreiras e aprendeu o sentido da palavra mar.
Ama então, companheiro de batina!
Eis o tecido novo!
Eis o carretel de linha branca na tua mão. Exposto. Prensado.
Usa.
Faz dele o que quiseres.
Uma coleira. Um caule. Uma queimadura.
Mas deixa de querer ser o que não és.
Tanta divação, eu sei.
Chove muito.
VA-NI-LLA.
Eu sou o meu cheiro.
Este é o meu cheiro.
Eu sou.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

ALFA




"They are playing a game.
They are playing at not playing a game.
If I show them I see they are
I shall break the rules and they will punish me.
I must play their game,
of not seeing I see the game."

[R.D. Laing: KNOTS]

Porque ela não gosta de tomar chuva

Porque ela não gosta de tomar chuva, repito ao ver os tímidos pingos que caem.

MERGULHO II

Na primeira noite, ele sonhou que o navio começara a afundar. As pessoas corriam desorientadas de um lado para outro no tombadilho, sem lhe dar atenção. Finalmente conseguiu segurar o braço de um marinheiro e disse que não sabia nadar. O marinheiro olhou bem para ele antes de responder, sacudindo os ombros: "Ou você aprende ou morre." Acordou quando a água chegava a seus tornozelos.
Na segunda noite, ele sonhou que o navio continuava afundando. As pessoas corriam de outro para um lado, e depois o braço, e depois o olhar, o marinheiro repetindo que ou ele aprendia a nadar ou morria. Quando a água alcançava quase a sua cintura, ele pensou que talvez pudesse aprender a nadar. Mas acordou antes de descobrir.
Na terceira noite, o navio afundou.

domingo, 11 de janeiro de 2009

RATIFICO

Acabo de constatar que a frase que tomara de empréstimo a Clarice Lispector em minha última publicação fora transcrita de maneira incorreta. Não por mim, mas pelo autor da citação, José Castello. A frase de Clarice fora extraída de um prefácio escrito por Castello para um livro chamado Pedras de Calcutá. Que gafe! O sujeito acabou mudando por completo o sentido da coisa. Descobri sua versão original. Vejam a diferença:

1- "Porque querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais."
2- "Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais."

Agora falando sério.
Não me interessam as causas do ocorrido, mas sim, sua significação perante mim, leitor.
Gosto da citação da maneira como ela é.
Nunca se sabe o peso da verdade. O Homem precisa da ilusão. De Deus, do amor, da morte, do céu, do pecado, da casa própria, da viagem com a família à Europa, da boneca que finge que fala "Give me a hug!"
Pode ser que, se um dia ela faltar, boa parte do seu eu ceda ao solo.
Assim, o amor é a grande desilusão de tudo o mais e poucos o querem.
Um grande fingidor pulsa por loucura!
De que vale um amor real?
O real chapa. A imaginação voa.
O amor não é livro.
Lembra que o amor é feio.
O belo está no olhar de quem ama.
Ama, então. E cede.
Sê o teu belo.
Ama o belo em ti.
Ama o belo do outro.
E ama essa ilusão de amar a ti no outro.
Depois, ouçam B.B. KING & ERIC CLAPTON in RIDING WITH THE KING.

Boa noite.

sábado, 10 de janeiro de 2009

MERGULHO I


Tudo tem um limite.
É nesse limite que trafego.
Que resisto, luto, amo e me derroto e me derrotam.
O amor: a grande sabedoria está em perceber que é no limite que se chega a amar.
Só com dor se ama.
Está dito na idéia que tomo de empréstimo a Clarice Lispector:
"Porque querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais."


sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

BLUE




"Pra quem vê a luz,
mas não ilumina suas mini-certezas.
Pras pessoas de alma bem pequena,
remoendo pequenos problemas,
querendo sempre aquilo que não tem.
Como varizes que vão aumentando,
como insetos em volta da lâmpada.
Vamos pedir piedade!
Senhor, piedade!
Pra essa gente careta e covarde!
Vamos pedir piedade!
Senhor, piedade!
Dê-lhes grandeza e um pouco de coragem."

HOJE

Já dizia João Bosco: "Vida é fazer todo sonho brilhar".
Como manter o sonho aceso num mundo anti- combustão?
Basta de extintores, Homens!
Basta dessa fuga descontrolada de si!
Quem precisa de semideuses, afinal?!
As cousas que permanecerem serão essencias, e que tudo mais vá pro inferno!
Comer quando se tem fome, dormir quando se tem sono.
Qual é a paz que não nos querem vender?
Hoje, um café filosófico citando C. G. Jung, dizia da importância da sombra.
DA IMPORTÂNCIA DA SOMBRA, REPAREM BEM!
É justo que tenhamos de pastar para conquistar uma parte neste latifúndio.
Não era esta a terra que queríamos ver dividida?
Enxada nas mãos! Eis o momento da lavoura!
Que os frutos sejam doces,
que os cestos voltem fartos,
que nossos espíritos possam chegar do lado de lá.
Quem vive do real vive de limites.
Ai...
Deverias freqüentar outros mundos se pudesses.

P.S.1: O presidente Lula nunca escreveu uma carta, mas não acha bacana o uso do trema.
P.S.2: Eu adoro.

AXÉ!
ODARA!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O EXÉRCITO




7. SHIH / O EXÉRCITO
Este hexagrama se compõe dos trigramas k' an, água, e K'un, terra. Simboliza, assim, a água subterrânea, acumulada debaixo da terra. Da mesma forma, uma força militar jaz acumulada num povo; invisível na paz, porém disponível a qualquer momento como fonte de poder. Os atributos dos dois trigramas básicos são: perigo no interior e obediência no exterior. Isso indica a natureza do exército, algo perigoso em seu interior e cuja manifestação externa exige disciplina e obediência.
A forte linha nove na segunda posição exerce o comando do hexagrama, tendo as demais linhas, todas maleáveis, como subordinadas. Essa linha representa um dirigente, pois encontra-se na posição central em um dos dois trigramas básicos. Entretanto, como isso ocorre no trigrama inferior e não no superior, ela simboliza não o governante mas o eficiente general que mantém o exército obediente através da sua autoridade.

JULGAMENTO
O EXÉRCITO necessita de perseverança e de um homem forte.
Boa fortuna sem culpa.

IMAGEM
No meio da terra está a água: a imagem do EXÉRCITO.
Assim o homem superior aumenta as massas através de sua generosidade para com o povo.

NOVE NA SEGUNDA POSIÇÃO SIGNIFICA:
No meio do exército.
Boa fortuna. Nenhuma culpa.
O rei concede uma tríplice condecoração.

[In: Hexagrama 7 - I CHING - O LIVRO DAS MUTAÇÕES; R. WILHELM.]

A que será que se destina?


Arrumando as gavetas de mim, rasganto velhas fotos.
Os olhos são mesmo capazes de ativar a fímbria da memória toda vez que focam?
Voltar é sempre novo.
Estou com as coisas fora de lugar.

Qual é a cor da minha angústia?
Qual é a cor da sua angústia?
QUE TEXTURA ELA TEM?
É possível plantar morangos aqui?