Júlia nasceu com uma margarida entalada na garganta.
Não podia falar, não podia gorjear, pedir não podia.
Seu maior sonho: cantar no Moulin Rouge.
Júlia nasceu predestinada a cantar.
Mar-ga-ri-da.
Ela g0stava de sons.
A mãe de Júlia não queria ouvi-la cantar.
"- A vida é natural sem música e eu prefiro sol. Ou vinho branco."
"- Cada um nasce com uma missão. Aceite a sua."
"- Por que cantar? Você devia querer ser rica, não artista."
- "Olhe para o Sr. Poucatelha. Sabe por que ele perdeu os cabelos? Porque sua mulher o deixou. Sabe por que sua mulher o deixou? Porque eles não se beijavam mais. Sabe por que eles não se beijavam mais? Porque ele gastava mais tempo afinando sua rabeca do que na cama com ela."
A mãe de Júlia não queria ouvi-la cantar.
O avô de Júlia morreu por um osso de galinha na noite de ação de graças mas estava disposto a ajudar sua neta. Um grande doutor!
Certa noite pediu à Júlia que abrisse a boca ao máximo enqüanto ele socaria as costas de sua neta com um saco de espaguetes - o ideal para a cena seria um taco de beisebol, mas na dispensa da casa de Júlia não constavam idéias abundantes.
Após ser lançada ao chão da cozinha, Júlia, finalmente, vomita a margarida.
Moulin Rouge. Dezembro de 1932. Inverno.
Júlia é cantora de esplendor.
Lota casas. Beija crioulos. Distribui doces.
(Diz que esta noite não vai cantar.)
LE MONDE:
"Excuse-moi. Je ne peux chanter dans le printemps".
Júlia nasceu predestinada a cantar...
e nunca cantou.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário