
É.
Definitivamente, les dragons ne connaissent pás le paradis.
Ou os dragões não conhecem o paraíso.
As coisas permaneciam ali, vermelhas, rosas, ramos de alecrim e hortelã pendurados no sopé das portas para que desse sorte, muita sorte, sete vezes sempre pra dar sorte.
Os corpos permaneciam ali, linhas verticais, em apenas três cantos preenchidos - o quarto vazio estava.
Toma um gole de vinho tira a tua camisa passa a tua mão fria no meu cabelo que pinica a tua mão que deixa de estar fria pra se enfiar dentro do meu bolso pegar isqueiro ousar queimar tua solidão teu desespero teus abismos e eu dizendo que não enquanto segurava firme a taça do vinho que lentamente tomei naquele sábado meu deus meia noite no meio daquela rua onde algum cachorro como sempre latia latia latia latia latia e disparava alarmes internos e eu te dizendo que tudo estava bem coração deve ser só o leiteiro lá fora e tu ias te acalmando assim quando tirei um raminho de hortelã do bolso esquerdo do paletó o bolso do coração e eu te acalmava e eu te embalava e eu te dizia que.
Aquela mulher, aquela melodia reminiscente, aquele ruminar de folhas, aquela casa.
As esquinas do dia de ontem coreografaram-se tão bem! Que nem me importei em negar teu café do novo dia, nem tua sopa velha sabe-se-lá-de-quando e nem me importei por ter sido o único a não compartilhar de teu brinde e tua saúde e meus decorrentes sete anos que viriam sem.
Nada mais. Os dragões não conhecem, os dragões não se importam, os dragões não querem saber.
Uma imagem: o corpo da atriz içando-se ao canto esquerdo da sala.
Uma imagem: o corpo da atriz numa catapulta, o esquerdo da sala e seus olhos, seu corpo todo, seus tortos fios de cabelo, suas vermelhas unhas de pés tão brancos, seus trapos unidos, enquanto ela inteira me dizia em uníssono que ele havia chegado, mas não, não, era só um engano e tudo bem, tudo bem. Dorme, meu filho, dorme. Só existe o sonho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário