Estacionada na contramão da via de excesso, Mariana não podia gritar.
(Se o mundo chegara mesmo a um fim, se o espelho de si permanecera espelhando o nada, se a
vida fizera mesmo pesar, se claros estiveram postos o outro para um, se o que lhe ansiava
se desfizera em cápsula, se juntos trilharam versos, derramaram brancas rosas, ruborizaram
os vinhos, promessas, tristes augúrios, capas de Caetano na cama de ontem, se a boca
moldada de gás e café já não mais restara, se as contas, conchas e confins do mar tinham
feito brotar a manhã da não espera, se moça partiu pronta aos palácios, se só estava como
era fundamental estar, se apodreceram abertas as janelas onde bailaram os anjos todos,
demônios, marfim, se por todas as fitas, vícios e vísceras, se com mãos vazias partira ao
encontro, se com berros rotos transbordara o ar, se farta estava de si, do outro, se os
orixás, babalaôs, budas, duendes, erês, fadas-madrinhas, abracadabras, baralhos e condões
há muito evaporaram das páginas, se você me ouve, se você me bebe, se você me sabe, se você
me segue, se você vontade, se você tesão, se você ainda me quiser no meu espaço teu.)
Estacionada na contramão da vida de excesso, Mariana não compreendia porquê não.
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lindo lindo lindo
ResponderExcluirEu ainda te quero no seu espaço meu. Serve?
Meu amigo poeta, qto orgulho.
te amo.
bjs