segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009


"devias vir...
para ver os meus olhos tristonhos."

Há um pulso que novamente soa sem pesar em novo amor.
Há um vulto que novamente voa sem pensar de novo amor.
Há um susto que novamente zoa em repensar um novo amor.
(Não sei fazer cantiga de amante como os remotos trovadores d'antes.)
O que mais quero dizer ao amor se tudo o que é lhe foi dito?
As palavras não couberam em Camões,
não couberam em Platão,
não couberam em Deleuze,
não couberam em Cartola,
não couberam em Pina Bausch,
não couberam em Auguste Rodin,
não couberam, não poderiam caber em mim.
Deixai que o amor rompa o limite da pauta
e num jorro de paixão arrombe a página
e pulse
e pulse
e pulse
e fure os sentidos teus para que me deixes invadir a tua aorta
e dizer assim e dizer porquê e dizer sem parar de dizer
que de amor eu não digo nada
amor sou eu amor sou amor sou eu amor sou eu amor sou eu amor sou eu amor sou eu amor sou eu amor sou eu.

Palavra é amor?
Pra dizer que eu estive pensando,
Pra dizer que eu te quero perto,
Pra dizer um novo palíndromo qu'eu tô bolando,
Pra dizer nada. Pra dizer certo:
SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS.
(Ou: O lavrador conduz alegre a carroça.)

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