domingo, 31 de maio de 2009


Eu preparo um feitiço contra os tempos plúmbeos.

Hei de desfrutá-lo ainda em tua absorta companhia, ruídos, enfurnados, detritos.

Torre fulminada. Relâmpago. Café - será falta de afeto?

Varreram meu sótão, levaram meus botões, roeram meus álbuns, domaram meu cãozinho, beberam a água que deixei pra Oxum, tatuaram meus desenhos, rabiscaram minhas estrelas-neón no céu branco do teto azul e vagaram, vagaram, vagaram, vagaram, vagaram, vagaram lúcidos sem saber o que fariam em mim. Esconder-me-iam? Alimentar-me-iam? Embirutar-me-iam? Ou me empetacariam com seus badulaques, botas brancas para me ver cantar na Rádio Nacional?

Levem-me ao eu.

Até o limite, a linha de fronteira, o fino corte que tange o que é dali, o que é de cá, o que eu posso dar e receber e ser e.

Lá vou.

Lá fui.

Eu preparo um feitiço que caiba, que caia em mim.

Eu preparo um feitiço.

Ou insisto em ser cobaia?

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