Detesto gente que escreve pra desabafar. God! Ainda mais agora que todo babaca tem acesso banda larga à informação e pode ser dono de qualquer best-seller. Detesto best-sellers, detesto gente que escreve coisas em blog, detesto gente que escreve para desabafar, detesto perder chances, perder coisas, detesto, detesto. Outro dia a pessoa teve o desbunde de divulgar seu "cantinho literário virtual" na traseira do carro, pode? Vomitei. Devo estar febrio, perdoe a ira, devo estar. Mas ira é vida Clarice e detesto gente que se demora lendo frases na parede. Paredes brancas, pinto todas, rabisco, escrevo, esqueço coisas da memória, detesto. Uma parte minha vai deixando pedaços pra trás; ru-pes-tre. Festas acontecem sempre no outro apartamento. Acontecimentos, acontecimentos, acontecimento. É a segunda vez que olho pra cima e me vem o cuspe no meio da testa e eles riem, riem em silêncio da cena. Se sou ou não capaz de bem interpretar does not matter. Por isso não admito perder horários, viagens, maravilhas. Detesto gente que chega em cima da hora, detesto. Por que sempre a sobra? O resto. Do resíduo já puseram banquete e eu quero falar da alta chama. Do momento antes da glória, de quando tudo ainda é fracasso e o sujeito, mesmo assim, continua porque tem fé, porque acredita, porque se conhece. 28.744.442-9 registro geral. Ando com fé? Mário, quero chorar e rasgar e destruir quem brilha mais. É treze - eu não acredito nisto. Destesto desabafo. Detesto gente que tem liberdade nostálgica para cuspir amarguras através disto. Detesto blogues, me tirem daqui. Me internem. Saem borboletas da minha cabeça, André não me ama mais, o tempo seca. Estou com febre devo estar. E venta. O que mudou? "Quando Saul estava indo embora, começou a chorar. Sem saber ao certo o que fazia Saul estendeu a mão, e quando percebeu seus dedos tinham tocado a barba crescida de Raul. Sem tempo para compreenderem, abraçaram-se fortemente. E tão próximos ficaram que um podia sentir o cheiro do outro: o de Raul, flor murcha, gaveta fechada; o de Saul, colônia de barba, talco. Durou muito tempo. A mão de Saul tocava a barba de Raul, que passava os dedos pelos caracóis miúdos do cabelo do outro. Não diziam nada. No silêncio era possível ouvir uma torneira pingando longe. Tanto tempo durou aquilo que, quando Saul levou a mão ao cinzeiro, o cigarro era apenas uma longa cinza que ele esmagou sem compreender." O que mudou?
P.S.: Com exceção de Fellini, detesto palhaços.
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