Eu preparo um feitiço contra os tempos plúmbeos.Hei de desfrutá-lo ainda em tua absorta companhia, ruídos, enfurnados, detritos.
Torre fulminada. Relâmpago. Café - será falta de afeto?
Varreram meu sótão, levaram meus botões, roeram meus álbuns, domaram meu cãozinho, beberam a água que deixei pra Oxum, tatuaram meus desenhos, rabiscaram minhas estrelas-neón no céu branco do teto azul e vagaram, vagaram, vagaram, vagaram, vagaram, vagaram lúcidos sem saber o que fariam em mim. Esconder-me-iam? Alimentar-me-iam? Embirutar-me-iam? Ou me empetacariam com seus badulaques, botas brancas para me ver cantar na Rádio Nacional?
Levem-me ao eu.
Até o limite, a linha de fronteira, o fino corte que tange o que é dali, o que é de cá, o que eu posso dar e receber e ser e.
Lá vou.
Lá fui.
Eu preparo um feitiço que caiba, que caia em mim.
Eu preparo um feitiço.
Ou insisto em ser cobaia?
domingo, 31 de maio de 2009
sexta-feira, 22 de maio de 2009
domingo, 10 de maio de 2009
MAIS-QUE-PERFEITO
Estacionada na contramão da via de excesso, Mariana não podia gritar.
(Se o mundo chegara mesmo a um fim, se o espelho de si permanecera espelhando o nada, se a
vida fizera mesmo pesar, se claros estiveram postos o outro para um, se o que lhe ansiava
se desfizera em cápsula, se juntos trilharam versos, derramaram brancas rosas, ruborizaram
os vinhos, promessas, tristes augúrios, capas de Caetano na cama de ontem, se a boca
moldada de gás e café já não mais restara, se as contas, conchas e confins do mar tinham
feito brotar a manhã da não espera, se moça partiu pronta aos palácios, se só estava como
era fundamental estar, se apodreceram abertas as janelas onde bailaram os anjos todos,
demônios, marfim, se por todas as fitas, vícios e vísceras, se com mãos vazias partira ao
encontro, se com berros rotos transbordara o ar, se farta estava de si, do outro, se os
orixás, babalaôs, budas, duendes, erês, fadas-madrinhas, abracadabras, baralhos e condões
há muito evaporaram das páginas, se você me ouve, se você me bebe, se você me sabe, se você
me segue, se você vontade, se você tesão, se você ainda me quiser no meu espaço teu.)
Estacionada na contramão da vida de excesso, Mariana não compreendia porquê não.
(Se o mundo chegara mesmo a um fim, se o espelho de si permanecera espelhando o nada, se a
vida fizera mesmo pesar, se claros estiveram postos o outro para um, se o que lhe ansiava
se desfizera em cápsula, se juntos trilharam versos, derramaram brancas rosas, ruborizaram
os vinhos, promessas, tristes augúrios, capas de Caetano na cama de ontem, se a boca
moldada de gás e café já não mais restara, se as contas, conchas e confins do mar tinham
feito brotar a manhã da não espera, se moça partiu pronta aos palácios, se só estava como
era fundamental estar, se apodreceram abertas as janelas onde bailaram os anjos todos,
demônios, marfim, se por todas as fitas, vícios e vísceras, se com mãos vazias partira ao
encontro, se com berros rotos transbordara o ar, se farta estava de si, do outro, se os
orixás, babalaôs, budas, duendes, erês, fadas-madrinhas, abracadabras, baralhos e condões
há muito evaporaram das páginas, se você me ouve, se você me bebe, se você me sabe, se você
me segue, se você vontade, se você tesão, se você ainda me quiser no meu espaço teu.)
Estacionada na contramão da vida de excesso, Mariana não compreendia porquê não.
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