domingo, 18 de janeiro de 2009

LUNO

A lua mingua, o corpo dança.
O que o corpo quer a mente quer.
O corpo dança a lua dança o minguante dança.
Trocando as coisas de lugar.
Criando novas sinapses.
Condicionando o cérebro ao novo.
Sentindo colpasos e rompendo com laços do passado.
Foi preciso muito quarto escuro para se chegar à luz.
Agora que ela seja infinita, múltipla e comum para todos.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

VANILLA

Você sabe que eu andei pensando que é preciso purificar. Panos brancos, velas, incensos doces de rosa ou mel. Toda a transformação ressucita o novo. Sejamos novos sempre. Sejamos meros registros do que há de novo em nós.
Dialogo com o mistério que é preciso. Sem saber o que há do outro lado que é lá do lado de lá, joguei flores brancas nos rios. Maçãs para os duendes, balas e doces para os erês comerem aos pés das árvores.
Diaologue!
A mudança é in, não out.
Todo impulso de vida que brotar aqui dentro é capaz de jorrar a quilômetros.
É como aquele sujeito que, quando se deu conta de que era um rio, abriu as barreiras e aprendeu o sentido da palavra mar.
Ama então, companheiro de batina!
Eis o tecido novo!
Eis o carretel de linha branca na tua mão. Exposto. Prensado.
Usa.
Faz dele o que quiseres.
Uma coleira. Um caule. Uma queimadura.
Mas deixa de querer ser o que não és.
Tanta divação, eu sei.
Chove muito.
VA-NI-LLA.
Eu sou o meu cheiro.
Este é o meu cheiro.
Eu sou.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

ALFA




"They are playing a game.
They are playing at not playing a game.
If I show them I see they are
I shall break the rules and they will punish me.
I must play their game,
of not seeing I see the game."

[R.D. Laing: KNOTS]

Porque ela não gosta de tomar chuva

Porque ela não gosta de tomar chuva, repito ao ver os tímidos pingos que caem.

MERGULHO II

Na primeira noite, ele sonhou que o navio começara a afundar. As pessoas corriam desorientadas de um lado para outro no tombadilho, sem lhe dar atenção. Finalmente conseguiu segurar o braço de um marinheiro e disse que não sabia nadar. O marinheiro olhou bem para ele antes de responder, sacudindo os ombros: "Ou você aprende ou morre." Acordou quando a água chegava a seus tornozelos.
Na segunda noite, ele sonhou que o navio continuava afundando. As pessoas corriam de outro para um lado, e depois o braço, e depois o olhar, o marinheiro repetindo que ou ele aprendia a nadar ou morria. Quando a água alcançava quase a sua cintura, ele pensou que talvez pudesse aprender a nadar. Mas acordou antes de descobrir.
Na terceira noite, o navio afundou.

domingo, 11 de janeiro de 2009

RATIFICO

Acabo de constatar que a frase que tomara de empréstimo a Clarice Lispector em minha última publicação fora transcrita de maneira incorreta. Não por mim, mas pelo autor da citação, José Castello. A frase de Clarice fora extraída de um prefácio escrito por Castello para um livro chamado Pedras de Calcutá. Que gafe! O sujeito acabou mudando por completo o sentido da coisa. Descobri sua versão original. Vejam a diferença:

1- "Porque querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais."
2- "Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais."

Agora falando sério.
Não me interessam as causas do ocorrido, mas sim, sua significação perante mim, leitor.
Gosto da citação da maneira como ela é.
Nunca se sabe o peso da verdade. O Homem precisa da ilusão. De Deus, do amor, da morte, do céu, do pecado, da casa própria, da viagem com a família à Europa, da boneca que finge que fala "Give me a hug!"
Pode ser que, se um dia ela faltar, boa parte do seu eu ceda ao solo.
Assim, o amor é a grande desilusão de tudo o mais e poucos o querem.
Um grande fingidor pulsa por loucura!
De que vale um amor real?
O real chapa. A imaginação voa.
O amor não é livro.
Lembra que o amor é feio.
O belo está no olhar de quem ama.
Ama, então. E cede.
Sê o teu belo.
Ama o belo em ti.
Ama o belo do outro.
E ama essa ilusão de amar a ti no outro.
Depois, ouçam B.B. KING & ERIC CLAPTON in RIDING WITH THE KING.

Boa noite.

sábado, 10 de janeiro de 2009

MERGULHO I


Tudo tem um limite.
É nesse limite que trafego.
Que resisto, luto, amo e me derroto e me derrotam.
O amor: a grande sabedoria está em perceber que é no limite que se chega a amar.
Só com dor se ama.
Está dito na idéia que tomo de empréstimo a Clarice Lispector:
"Porque querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais."


sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

BLUE




"Pra quem vê a luz,
mas não ilumina suas mini-certezas.
Pras pessoas de alma bem pequena,
remoendo pequenos problemas,
querendo sempre aquilo que não tem.
Como varizes que vão aumentando,
como insetos em volta da lâmpada.
Vamos pedir piedade!
Senhor, piedade!
Pra essa gente careta e covarde!
Vamos pedir piedade!
Senhor, piedade!
Dê-lhes grandeza e um pouco de coragem."

HOJE

Já dizia João Bosco: "Vida é fazer todo sonho brilhar".
Como manter o sonho aceso num mundo anti- combustão?
Basta de extintores, Homens!
Basta dessa fuga descontrolada de si!
Quem precisa de semideuses, afinal?!
As cousas que permanecerem serão essencias, e que tudo mais vá pro inferno!
Comer quando se tem fome, dormir quando se tem sono.
Qual é a paz que não nos querem vender?
Hoje, um café filosófico citando C. G. Jung, dizia da importância da sombra.
DA IMPORTÂNCIA DA SOMBRA, REPAREM BEM!
É justo que tenhamos de pastar para conquistar uma parte neste latifúndio.
Não era esta a terra que queríamos ver dividida?
Enxada nas mãos! Eis o momento da lavoura!
Que os frutos sejam doces,
que os cestos voltem fartos,
que nossos espíritos possam chegar do lado de lá.
Quem vive do real vive de limites.
Ai...
Deverias freqüentar outros mundos se pudesses.

P.S.1: O presidente Lula nunca escreveu uma carta, mas não acha bacana o uso do trema.
P.S.2: Eu adoro.

AXÉ!
ODARA!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O EXÉRCITO




7. SHIH / O EXÉRCITO
Este hexagrama se compõe dos trigramas k' an, água, e K'un, terra. Simboliza, assim, a água subterrânea, acumulada debaixo da terra. Da mesma forma, uma força militar jaz acumulada num povo; invisível na paz, porém disponível a qualquer momento como fonte de poder. Os atributos dos dois trigramas básicos são: perigo no interior e obediência no exterior. Isso indica a natureza do exército, algo perigoso em seu interior e cuja manifestação externa exige disciplina e obediência.
A forte linha nove na segunda posição exerce o comando do hexagrama, tendo as demais linhas, todas maleáveis, como subordinadas. Essa linha representa um dirigente, pois encontra-se na posição central em um dos dois trigramas básicos. Entretanto, como isso ocorre no trigrama inferior e não no superior, ela simboliza não o governante mas o eficiente general que mantém o exército obediente através da sua autoridade.

JULGAMENTO
O EXÉRCITO necessita de perseverança e de um homem forte.
Boa fortuna sem culpa.

IMAGEM
No meio da terra está a água: a imagem do EXÉRCITO.
Assim o homem superior aumenta as massas através de sua generosidade para com o povo.

NOVE NA SEGUNDA POSIÇÃO SIGNIFICA:
No meio do exército.
Boa fortuna. Nenhuma culpa.
O rei concede uma tríplice condecoração.

[In: Hexagrama 7 - I CHING - O LIVRO DAS MUTAÇÕES; R. WILHELM.]

A que será que se destina?


Arrumando as gavetas de mim, rasganto velhas fotos.
Os olhos são mesmo capazes de ativar a fímbria da memória toda vez que focam?
Voltar é sempre novo.
Estou com as coisas fora de lugar.

Qual é a cor da minha angústia?
Qual é a cor da sua angústia?
QUE TEXTURA ELA TEM?
É possível plantar morangos aqui?