quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
pára-brisa
Deixai-me enlouquecer.
Que a tua ausência transparece em cada ponto, em cada fuga, em cada canto.
Deixa-me transparecer.
Que a tua presença enlouquece cada ponta, cada fogo, cada conto.
Quê fazer? Eco que não cansa em soar.
Deixai transpirar, enlouquecer, reaparecer em cada oco e roto e louco pranto meu.
Deixai suar. Deixar só. Deixai ser.
Que a tua ausência transparece em cada ponto, em cada fuga, em cada canto.
Deixa-me transparecer.
Que a tua presença enlouquece cada ponta, cada fogo, cada conto.
Quê fazer? Eco que não cansa em soar.
Deixai transpirar, enlouquecer, reaparecer em cada oco e roto e louco pranto meu.
Deixai suar. Deixar só. Deixai ser.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
"E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto."
Caio F.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Sê tu a palavra
1.
Sê tu a palavra,
branca rosa brava.
2.
Só o desejo é matinal.
3.
Poupar o coração
é permitir à morte
coroar-se de alegria.
4.
Morre
de ter ousado
na água amar o fogo.
5.
Beber-te a sede e partir
- eu sou de tão longe.
6.
Da chama à espada
o caminho é solitário.
7.
Que me quereis,
se me não dais
o que é tão meu?
[Eugênio de Andrade].
Sê tu a palavra,
branca rosa brava.
2.
Só o desejo é matinal.
3.
Poupar o coração
é permitir à morte
coroar-se de alegria.
4.
Morre
de ter ousado
na água amar o fogo.
5.
Beber-te a sede e partir
- eu sou de tão longe.
6.
Da chama à espada
o caminho é solitário.
7.
Que me quereis,
se me não dais
o que é tão meu?
[Eugênio de Andrade].
domingo, 7 de fevereiro de 2010
no calcanhar dos minutos, na sombra do pôr do sol, na sobra de mim

pensei em você era quase três da manhã quando pensei em você não isso não é verdade era dia claro quando pensei em você estendi as mãos em volta ainda com os olhos fechados tateando às escuras não havia nada ninguém fui comprar jornal sei que gostas de ler notícias pela manhã comprei pão também e leite passei um café forte abri as janelas para que o ar do novo dia nos saudasse doce brisa e me coloquei à porta do quarto feito um gato ansioso à espera do dono era quase meio dia quando pensei novamente em você sei porque me deu aquela tontura destes dias quentes ai as geleiras ai a camada de ozônio ai onde é que isso tudo vai parar meu deus sei que você me entende sei que ri também e não sei se devido à tontura mais uma vez subindo os dezessete andares fui atravessado pelo rastro imperdoável do teu perfume e pensei em você nada nada pensei em você no meio da tarde quando desejei louco uma rede faixa de mar infinito água de beber balançaríamos os dois príncipes bundos brancas pombas a vadiar na areia e eu sei que você me pediria qualquer coisa no violão quem sabe um samba antigo e passarímos a vida assim no centro do universo você deitaria no meu ombro ou eu no seu tanto faz e sentiríamos que tudo aquilo valia a pena sim e então foi me dando uma saudade inconsolável um desespero torto de quem desaprendeu como se pede algo à alguém aguardava respostas no fim da tarde quando os automóveis buzinavam e as filas não andavam e os ônibus lotados não me deixavam outra alternativa a não ser continuar pensando em você afinal era início de tarde e quem sabe uma very-happy-hour-baby quem sabe um sorvete suco de abacaxi com a hortelã que eu plantei no quintal quem sabe tudo em qualquer esquina casual quando nos olharíamos aliviados e nos abraçaríamos e caminharíamos contando de nossos dias nossas vontades nossas fomes estaríamos famintos os dois e sairíamos sem presssa ilesos ao caos lá de fora o universo suspenso para que pudéssemos nos escutar sem gritos entrelaçados e quase fim do dia tantos filmes tantos shows tanta vida buscaríamos bares simpáticos e aconchegantes ou arrumaríamos as malas e nos mandaríamos para Luanda pois à noite me invadem os dragões vorazes as pulsões e já era quase nove dez onze da noite quando pensei em você estava exausto liguei o rádio e "I know that's the way" fui apagando uma sede vezenquando me dá uma sede secular de eram quase três da manhã você sabe e pensei pensei pensei pensei pensei pensei pensei pensei pensei pensei pensei pensei com afeto em você.
[Foto: Chander, Brisa].
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