"Que você me sentisse um pouco distante e tivesse pressa em me chamar outra vez para perto."
domingo, 31 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
"E esta ânsia de viver, que nada acalma,
E a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!"
Então sentou-se na sala vazia. Os pensamentos tombavam seu tronco para trás e persistiam-lhe
aquelas idéias de perdas, desencontros, evolução. Era como uma incapacidade de alçançar
o umbral da vida ou o precipício. Cego estava e, sem tato, varava por parques inabitados a procura de. Que falava demais, gesticulando, dramática atriz. Que brindava a vida, que contava histórias, que lançava-se no sem volta a me perturbar. Em cada partícula de tempo se despedindo e voltando sem saber.
Contava dos mundos, fumava, sorrindo tossia. Das poltronas, das lojas, das latas enormes de
chá, da pulverização tecnológica em massa, da polidez dos costumes, da maternidade, da marginalidade, da fórmula matemática, da transcendencia, do bairro gay, do confinamento, do congelamento, das suas entranhas, estátuas, pústulas, fatias de bolo, fatais becos sem saída. Em cada moldura sua uma parte minha se apagava. E não entendia porquê. Fui me perdendo aos poucos. Quadro a quadro. E ela voltava a me encontrar.
Porque eu só tinha silêncios e ouvia seus gritos. Tive vontade de. Ela dançava na minha frente. Não sei se me convidava. Alguma coisa me estancava ali,prostrado, imobilizado, fragil e atento. Recebendo seu alimento bruto através de um tubo diretamente ligado ao meu segundo chakra, ou terceiro, não sei bem. Aquele que se relaciona com as suas experiências passadas, com o seu vir a ser. Meu ponto de partida, marco zero. Eu me lambuzava em seu líquido jocoso porque tinha sede. Fechava os olhos, passeava por todos os lugares, me perdia, me perdia, me perdia. E ela me achava. Nos meu porões, abismos, calabouços. Chovia.
Me angustiava. Porque eu queria mais. Precisamente não saberia dizer o quê. Mas admirava
aquela instalação multi-dimensional onde ela habitava. Qual seria a senha? A tal palavra
mágica. Como pertencer a esse lugar inexistente e ao mesmo tempo tão próximo de mim? Era
como se eu tivesse vivido até então como quem olha o mundo através de uma janela com grades
de um apartamento dos fundos. Palavras não descreviam a alegria até então desconhecida
surgida de um (re) encontro. Então chorei pela falta silenciosamente. Molhado por dentro sem
vestígios de lamento nem dor. Não sentia mais nada. Repousava triste, em silêncio. Não sei se comigo foi sempre assim. Mas naquele sábado, naquela noite, eu tinha muito o que lhe contar.
sábado, 16 de janeiro de 2010
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